Comprar a casa própria ou viver de aluguel?

Discutir educação financeira tende ser uma tarefa bastante árdua e desafiadora (risos). É preciso romper uma barreira cultural ou de tradições passadas entre diferentes gerações. Quando o tema é “comprar uma casa ou viver de aluguel“, cada um tem uma convicção forte e difícil de ser questionada. Não existe uma resposta única ou ideal. Não é a primeira vez que escrevo sobre o assunto e evito discutir, mas percebo que parte da população não conhece tão bem (ou despreza) as variáveis que estão em jogo. Entendo que a escolha é relativa, no entanto existem fatores econômicos e pessoais que devemos ponderar antes de tomar qualquer decisão.

Trata-se de um tema naturalmente polêmico, complexo e delicado. Até mesmo para produzir este conteúdo, selecionando os principais vídeos (sem abrir espaço para grandes emoções) e ponderando sobre diferentes variáveis, precisei de uma dedicação especial durante a semana. Acredito que foi possível levantar aspectos bem interessantes.

Quando expomos alguns fatores econômicos, mostrando valores, é comum ver pessoas torcendo o nariz, alegando ser algo reprovável por grande parte da população e, muitas vezes, distante da realidade financeira. Ironicamente, é aí que reside o primeiro “equívoco” e ponto de grande polêmica, pois o objetivo da educação financeira visa justamente romper tais barreiras, permitindo a preservação do patrimônio, bem como uma evolução financeira “gradativa e sólida“. Ou seja, são decisões de longo prazo (não significa que seja fácil). O maior problema é que, sem perceber, boa parte da população faz escolhas com visão de curto prazo, o que impede visualizar alternativas mais interessantes e favoráveis no decorrer da vida. Aceite, na maioria das vezes, a evolução financeira é gradativa e o tempo será sempre o seu melhor amigo (cuide bem dele).

Se você acredita piamente que nada disto é real ou não faz sentido, então deve acreditar também que uma pessoa, ao nascer pobre, está fadada a podreza para o resto da vida – o que não é verdade (exemplos não faltam)“.

Chega ser curioso observar o conflito de argumentos. Muitos tentam reforçar suas teses apelando para atitude coletiva e comum, mesmo concordando que a grande parle da população tem dificuldade para mudar o padrão de vida. Seja qual for a razão, isto por si só é bastante contraditório.

Felizmente, a Internet vem mudando este cenário, tornando acessível o conteúdo sobre educação financeira.

Quanto a aquisição da casa própria, existe uma infinidade de possibilidades e razões para a escolha, mas será que realmente sabemos trabalhar o tempo e o dinheiro da melhor maneira possível e a nosso favor? Já adianto que considero fundamental a aquisição da casa própria, apenas não posso negar que algumas condutas influenciarão tanto no sucesso da negociação como na qualidade de vida no futuro. O maior desafio é identificar QUANDO E COMO COMPRAR A CASA. É evidente que existem casos extraordinários que pedem ação imediata para solucionar uma “situação emergencial” – normalmente, quando o tempo não está mais a nosso favor ou a “necessidade falar mais alto”. Não existe uma verdade única.

O objetivo NÃO é conduzir ninguém para uma escolha fixa e única, atém-se apenas em mostrar diferentes perspectivas. Para quem estiver indeciso e avaliando cada situação, vale a pena refletir um pouco mais. Infelizmente, ao ignorar tudo isto, alguns perceberão o peso real de suas escolhas muito tempo depois e com menos opções disponíveis! A vida é assim, colheremos o que plantamos (justo).

Compartilharei a opinião de vários especialistas e blogueiros que atuam neste meio há muitos anos (são nomes com trabalhos bem conhecidos), não é meramente uma questão de opinião pessoal. Para melhor compreensão e reflexão, separei em dois blocos – alguns pontos de vista são até questionáveis, mas, em todos, existe fundamentação baseada em educação financeira.

1. Como minha visão é bastante alinhada com a do André Bona, começarei compartilhando a opinião dele.




Dependendo da fase da vida, o peso dado para determinadas escolhas será diferente.

Existem MUITAS variáveis. Viver de aluguel tende ser mais vantajoso de acordo com o tempo de permanência no imóvel, estágio profissional (principalmente no início), objetivo de vida (como foco nos estudos) ou condição familiar (com parentes na mesma cidade ou considerando a renda familiar), por exemplo. Algumas questões pessoais certamente influenciarão. De maneira geral, o número de variáveis e possibilidades costuma ser muito maior do que aparenta inicialmente.

Não acredita? Buscando melhor perspectiva de vida, minha namorada deixou o interior de MS e dividiu o aluguel de um apartamento entre três amigas. Por mais de dois anos, elas dividiram o aluguel de um imóvel grande, relativamente novo, bem localizado e com o valor absurdamente INFERIOR ao padrão da região (foi um achado; praticamente uma “barata branca”). Nos conhecemos poucos anos depois. Sem sombra de dúvidas, nenhuma delas teria condições de negociar a compra de um apartamento daquele padrão; muito menos naquela fase.

No exemplo anterior, será que o dinheiro pago no aluguel foi jogado fora? Claro que não. Valeu cada centavo. Foi o custo de um padrão de vida relativamente confortável, seguro e economicamente viável (uma vez que puderam dividir tranquilamente). Ainda que seja uma oportunidade rara, jamais estará disponível a você se todos os esforços estiverem concentrados apenas na aquisição da casa própria. Em um primeiro momento, pouquíssimas pessoas acreditariam que uma oportunidade assim seria possível.

Nem tudo são flores… No caso de minha namorada, após alguns anos, suas amigas tomaram rumos diferentes e o proprietário percebeu a insanidade que cometeu e pediu um reajuste insano também (risos). Ela deixou o apartamento, e ajudei na escolha de outro imóvel. Reconheço que, ao ser pego de surpresa, a experiência é desagradável e estressante. Achar outra “barata branca” às pressas é raro (quase impossível).

Em aproximadamente 8 anos, ela passou por duas mudanças. Na última, encontramos um imóvel menor, em condomínio fechado, bastante agradável e com excelente localização – próximo do centro da cidade (com fácil acesso), farmácias e a poucos metros de uma rede atacadista. Foi outro tiro certeiro (vale cada centavo). E o mais importante: “totalmente compatível com a nossa realidade financeira“.

Inicialmente, a ideia de comprar um imóvel com tais características pode ser até tentadora. Porém, o custo de aquisição, nestas condições, é bastante salgado, podendo ser facilmente desproporcional a qualidade do imóvel propriamente (você acaba pagando um “belo” adicional pela localização). O maior problema, no nosso caso, é que não desejamos morar por décadas seguidas neste imóvel e também NÃO entendemos que seja o patrimônio que almejamos no futuro. Novamente, optamos em pagar pela qualidade de vida que a localização oferece; também não faz sentido elevar o custo de vida por um patrimônio que NÃO almejamos. Entrar em um financiamento agora? Nem pensar.

Para fazer escolhas de impacto financeiro e pessoal de longo prazo, não seria mais lógico evitar projeções com base imediatista? Como diz o ditado: “O apressado como cru“. Então, por que escolher um imóvel de qualidade questionável (proporcional ao poder aquisitivo “do momento”), olhando para a renda atual, desprezando a capacidade de evolução profissional e financeira neste mesmo intervalo de tempo? No curto prazo, tudo parece óbvio, bem definido e com limites fixos (não são), por exemplo. Não é bem assim.

Neste intervalo de tempo, muita coisa pode acontecer…

– Há muitos anos atrás, no início da carreira, meu pai acreditou que seria melhor construir uma casa no interior de MG. Naquele momento, além de viável, parecia uma decisão acertada. Ele dedicou tempo e dinheiro neste projeto – uma forma de “garantir” conforto e segurança no futuro. Mas, o rumo foi outro. O que de pior poderia acontecer, não é? A região sofreu com uma enchente severa e a casa ficou coberta pela água (era possível ver apenas o telhado). Após uma reforma essencial, o jeito foi vender. E, fora os passeios de férias, nunca mais voltamos para a cidade.

– Recentemente, minha prima precisou mudar de cidade porque trabalhava em uma filial que encerrou sua atividade na região. Na prática, não sobrou muita alternativa. A decisão ficou entre procurar um novo emprego onde morava, ou mudar para SP. Ou seja, independente da renda, não existiam “opções” (risos). Fora a insegurança da mudança, não havia impedimento ou negócios pendentes (como um imóvel para ser negociado às pressas, por exemplo) – assim o impacto da decisão foi minimizado.

– Fuja de crenças limitantes. Com foco, esforço e dedicação, em menos de 10 anos, sua realidade pode sofrer grandes mudanças. Aliás, conheço um Analista de Sistemas que, em seu “primeiro emprego”, recebia praticamente uma renda de estagiário. Mesmo recebendo pouco, ele persistiu. Ao longo de 6 anos, ele passou por várias correções espontâneas que elevaram sua renda em aproximadamente 5 vezes o valor inicial, isto sem incluir as fontes de renda alternativa com o passar do tempo. Pois é, era algo inimaginável inicialmente.

Será que escolhas tão impactantes no início da carreira, tomando como base a renda inicial, não se tornariam incoerentes ao longo dos anos? Você corre risco de aceitar uma condição de negociação que jamais aceitaria poucos anos depois, mas lhe pareceu a melhor ou a única possível naquele momento.

O comentário sobre reajuste ou correção salarial foi necessário para evitar o bloqueio mental nos próximos vídeos, em função dos valores exemplificados. O segredo não está em quanto você ganha, mas o que você faz com o dinheiro em cada fase da vida!

O importante não são os valores em dinheiro, e sim nossa conduta. A base da educação financeira é muito mais comportamental, mostrando o benefício progressivo de simples mudanças de hábito. Somente desta maneira, quando investimos primeiramente em nós mesmos, o padrão vida tende elevar, mantendo hábitos “saudáveis” e adaptando nossa “movimentação financeira” (ampliará naturalmente).

Se você cultivar o hábito de poupar e investir, uma renda maior permitirá aportes cada vez maiores, diminuindo o tempo necessário para conquistar a liberdade financeira. Por outro lado, se você cultivar o hábito de adquirir bens fazendo empréstimo atrás de empréstimo, a tendência é que, com uma renda superior, seus empréstimos sejam cada vez maiores por entender que é capaz de conquistar bens de padrão superior (vivendo de ilusão, enquanto suportar).

2. Confiram a opinião dos demais especialistas e blogueiros:





Parece muito distante de sua realidade? Não sobraram muitas opções?

Muita calma nesta hora! 😉

Inicialmente, pode parecer que os exemplos reflitam apenas a realidade de pessoas ricas. Aliás, é outro pensamento um tanto questionável, ainda mais se levarmos em consideração que uma pessoa realmente rica é capaz de fazer a escolha que julgar mais interessante (ou vantajosa) a qualquer momento e sem mudar sua realidade financeira (isto inclui a possibilidade executar as duas opções simultaneamente). Esta questão praticamente não existe entre pessoas ricas.

Algumas condutas, preservadas ao longo dos anos, tendem mudar nosso padrão de vida, preservando nossas conquistas e viabilizando o que parecia distante alguns anos antes. É sobre isto que a educação financeira trata.

Existem alternativas de baixíssimo custo para aquisição da casa própria, como programas do Governo Federal. Tudo bem. Talvez pareça a melhor ou única opção VIÁVEL HOJE, mas será um compromisso de algumas décadas para adquirir um passivo de muitas cifras e, neste caso (pelas características envolvidas), o potencial de valorização costuma ser baixo.

E qual é flexibilidade de um imóvel adquirido via programa habitacional?

Existe urgência? O tempo não é mais o seu aliado? Considera justo estabelecer o potencial financeiro de quase uma vida inteira baseado no poder aquisitivo do momento? Só você poderá responder. Reflita sobre o assunto.

Resumindo: “A previsibilidade do futuro é muito limitada. Não faz o menor sentido tomar decisões de longo prazo precipitadamente. Tome cuidado com ARGUMENTOS sobre realidade financeira. A nossa realidade não é estática e, dependendo de algumas escolhas, pode variar para melhor ou pior. O segredo está na sabedoria de identificar o melhor momento possível para uma posição tão importante e impactante.

Na medida em que nossos recursos financeiros aumentam, entendo que é interessante planejar a aquisição da casa própria sim. Existe uma infinidade de possibilidades. Seja como for, em determinado momento da vida, desejamos maior tranquilidade e não é muito agradável ficar a mercê do proprietário.

Apenas evite tomar decisões precipitadas.

Faz sentido investir, mesmo sem saber se haverá um amanhã?

É comum ouvir questionamentos quanto as vantagens reais de se investir, pois não sabemos se estaremos vivos amanhã. Deixaremos o dinheiro para quem? Costuma ser um pensamento bastante comum entre pessoas que não investem. A não ser que você acredite ser capaz de adivinhar o futuro, não há muito o que fazer (tempo de vida). Mas, na dúvida, devemos, ao menos, nos programar para conquistar um padrão de vida mais tranquilo, confortável e saudável (dentro do possível).

Sim, não sabemos o que será do amanhã. Ainda assim, todos nós esperamos por dias melhores, não é mesmo?
É evidente que sim.

Parece inacreditável, mas não importa o seu padrão de vida atual, nem o salário. Quem não adquirir o hábito de poupar e investir ganhando pouco, dificilmente investirá ganhando muito. O importante é o hábito que você conquista ao longo da vida. O esforço será proporcional a sua evolução e diminuirá com o passar dos anos. Quanto mais acumular, maior será o retorno e menor o esforço. Talvez até sofra pequenas restrições no início (normal), porém estará cada vez mais próximo da liberdade financeira (não tem preço – só vivenciando).

Discutir desigualdade é perda de tempo e não muda a realidade de ninguém. Apesar de existir fatores, muitas vezes incontroláveis, e que realmente influenciam em nossa trajetória, não é a riqueza financeira ou salário que estabelece o valor do que somos capazes de produzir ou destacar. Não seja apenas mais um conformado pelas circunstâncias. Busque um diferencial (para agregar valor), e não justificativas para evolução de terceiros. Concentre-se e invista primeiro em VOCẼ mesmo. O resto é balela.

O que está em jogo não é apenas o enriquecimento, mas a busca pela LIBERDADE FINANCEIRA! 😉

Encare este assunto com desdenho, e NUNCA saberá o significado de liberdade financeira.

Não é consumindo cada vez mais que enriquecemos. Mas, é através do processo de enriquecimento que podemos consumir mais (sem impactar negativamente na qualidade de vida)“.

É muito bom poder fazer a viagem dos sonhos, claro… melhor ainda é fazer “o que quiser” por muitos anos (repetidas vezes) sem trabalhar apenas para pagar conta, por necessidade ou obrigação. Este é o significado de liberdade. Só depende de nós.

Difícil é romper o primeiro obstáculo: “deixar de seguir a manada!

É seguro investir na Alcateia Investimentos?

Hoje, durante algumas pesquisas, acabei conhecendo uma empresa (grupo de investimentos), conhecida como Alcateia Investimentos, que promete uma taxa de retorno mensal entre 8 e 10%. Trata-se de mais uma proposta extremamente tentadora e bastante duvidosa.

No Youtube, encontrei depoimentos típicos de quem ficou cego e apaixonado por qualquer outro sistema MMN milagroso. Não adianta questionar ou alertar, pois, na maioria das vezes, quem apoia publicamente já está participando do “negócio” e, neste caso, está interessado em conquistar novos membros (risos). É difícil, para quem está participando, aceitar a possibilidade de ter entrado em um barco furado.

É sempre a mesma coisa…

Da forma como vendem, faz parecer que a rentabilidade é “garantida”, para todos os participantes, baseando-se em operações (trades) de altíssimo risco. Então, a equipe por trás dos trades deve ser, além de ninja, a melhor do mundo. Não conheço nenhum fundo capaz de alcançar uma rentabilidade próxima da prometida.

Mesmo que opcional, outro ponto bastante curioso é a adoção do modelo MMN. A arquitetura do negócio encoraja cada “investidor” buscar novos membros. A estrutura pode até formar um desenho um pouco diferente do “tradicional”, mas o sistema se alimenta de um modelo de pirâmide também.

Investimento é coisa séria pessoal! 😉

Sejam investidores, não apostadores. O fato da empresa pagar no início do negócio não lhe assegura a continuidade no futuro. Ao longo do tempo, sua convicção tende lhe cegar e causar um prejuízo imensurável até então. NÃO EXISTE DINHEIRO FÁCIL!

Checar o CNPJ da empresa não quer dizer absolutamente nada. Vejam só (consulta na Receita Federal):

Percebi que muitos se contentaram apenas com este resultado, mantendo uma falsa sensação de segurança.

E se eu mostrar um alerta da CVM (Comissão de Valores Mobiliários)… Você ignoraria?
http://www.cvm.gov.br/noticias/arquivos/2017/20170419-1.html

A CVM lançou um alerta sobre a atuação irregular e, mesmo assim, algumas pessoas ignoram e tentam justificar. Não terminará bem para grande maioria. Só pelo alerta, encerrei qualquer avaliação adicional.

Não se iludam. Não vale a pena!

Bitcoin: Debate entre Ricardo Schweitzer e Fernando Ulrich

O assunto vem chamando a atenção cada vez mais, e já compartilhei a minha opinião. Até acredito que o momento possa ser realmente oportuno para especular, mas prefiro não mudar meu foco de investimento e também não acredito no futuro das criptomoedas (na forma como conhecemos hoje).

Existe uma diferença gritante entre investir e apostar.

Quer arriscar?
A escolha é sua,  mas faça de forma consciente (entenda os dois lados da moeda… risos)!

Cartão de crédito: Quando é vantajoso?

Eis que, durante a semana, no ambiente de trabalho, o assunto surgiu das cinzas novamente (risos) e, para variar, fui questionado sobre as razões que me levam “não expor as vantagens que o cartão de crédito pode oferecer“. Uma das alegações foi que o Bastter defende a utilização do cartão em seu livro, e nunca comentei sobre isto. Infelizmente, o ser humano têm maior predisposição para sempre focar naquilo que melhor lhe convém ou agrada, algo que influencia facilmente na interpretação do que é dito. Aliás, a afirmação do Bastter não foi um incentivo para utilização. Seja como for, não se iluda em acreditar que toda estratégia funcione igualmente para todos. Ironicamente, as vantagens do cartão de crédito são reais justamente para quem NÃO depende delas. Na realidade, as vantagens são proporcionais a renda: “quanto menor, pior“.

Ao contrário do que costumam repetir, o cartão de crédito é excelente para pessoas com renda alta! 😉

Grande parte dos educadores financeiros focam no pagamento á vista porque é uma conduta que retrata melhor a nossa realidade financeira, bem como a capacidade de planejamento. Parece tolice, mas diz muito sobre nossa capacidade de poupança também – algo que influenciará na regularidade e volume financeiro para investir. Logo, o volume em dinheiro aportado mensalmente depende da nossa capacidade de poupança. O esforço é, sem sombra de dúvidas, maior no início. Conforme exposto em inúmeros artigos, o esforço reduz ao longo dos anos e, ao mesmo tempo, a recompensa se torna cada vez mais evidente.

Além dos custos, o cartão de crédito é um instrumento que tende nos afastar deste processo facilmente, pois, para “ser vantajoso”, induz à gastos constantes (tornando-nos devedores). O problema é que o benefício é proporcional aos gastos – um perigo para rendas mais baixas. E muitos insistem em dizer que recebem “prêmios” de graça (não é bem assim, risos). Dependendo da renda, manter o controle sobre a movimentação financeira será um grande desafio, exigindo cada vez mais.

Por não trabalhar com cartão de crédito, tanto eu quanto o meu pai NUNCA lançamos nossos gastos em planilha ou aplicação, mesmo investindo há décadas – cada um com sua particularidade (história de vida e perfil de investidor, por exemplo). Acreditem, o nosso controle é manual e baseado em consultas periódicas (bastante simples). É evidente que abrimos mão de muita coisa no início, mas o resultado tem sido recompensador. As pessoas que nos chamam de mão fechada (ou pão duro), são as mesmas que justificam que tivemos SORTE por ter uma vida “mais fácil” – preferem procurar justificativas para a nossa trajetória, do que entender o processo. Nem ligo, mas é irônico (risos)!

No mundo dos investimentos, existe um consenso de que o mais importante é exercitar o hábito de poupar e começar investir o quanto antes (com o que for possível, independente da renda) – como diria o Bastter: “taxa NÃO ganha de TEMPO“. Infelizmente, muitos brasileiros costumam generalizar conceitos específicos para qualquer estratégia, sem levar em conta que a faixa de renda influenciará na escolha mais adequada para cada momento da vida. O mesmo se aplica para quem vê no cartão de crédito uma alternativa de investimento, como é o caso de quem acredita que GANHARÁ uma viagem DE GRAÇA. Não passa de ilusão.

Ao afirmar que trabalhar com cartão crédito é algo aceitável para pessoas controladas, o Bastter não necessariamente incentivou sua utilização. Não é tão simples”

Confiram o quanto pode ser relativo:

Suponhamos um indivíduo (ou família) com renda mensal líquida de R$ 15.000,00 (MUITO ACIMA da média brasileira), resolva separar R$ 5.000,00 para despesas no cartão – terá uma bela pontuação, não é mesmo? Neste cenário, ainda estará tranquilo, com R$ 10.000,00 disponíveis para pagamentos à vista, investimentos ou imprevistos. Logo, mesmo com um gasto tão elevado (compatível com sua renda), o que sobra todo mês é simplesmente o DOBRO das despesas com o cartão – sua margem de segurança é gigantesca. Destes R$ 10.000,00 restantes, se “apenas” R$ 3.000,00 fossem investidos em um fundo extremamente conservador, ao final de 10 anos, este mesmo indivíduo teria acumulado aproximadamente R$ 550.000,00 (estimando apenas 0,65% ao mês) – tanto a capacidade para lidar com imprevistos quanto a tranquilidade serão cada vez maiores. No mês, ainda sobrariam R$ 7.000,00 para as demais despesas ou pequenas emergências. Para tornar a análise mais interessante, imagine o rendimento mensal dessa aplicação ao atingir R$ 550.000,00. Resumindo, trata-se de uma pessoa controlada e com renda alta. Percebam que, neste caso, acompanhar a movimentação financeira também não será trabalhoso.

No exemplo anterior, o benefício do cartão é real e nem caberia discussão sobre os riscos envolvidos.

Infelizmente, esta não é a realidade de grande parte da população. A estratégia demonstrada não pode ser reproduzida em qualquer faixa de renda. Engane-se como quiser. Para o benefício ser real, o gasto no cartão precisa ser significativo, podendo levar ao endividamento rapidamente. Percebam que R$ 5.000,00 é um gasto mensal relativamente elevado, mas representou apenas 1/3 da renda exemplificada. Assim, fica muito fácil explorar os benefícios do cartão.

Tente fazer o mesmo com uma renda inferior a R$ 3.000,00
Seu controle não será o mesmo, pode apostar! 😉

Utilize, preferencialmente, em caso de emergência. Fora isto, evite ao máximo!

Um ótimo final de semana!