Solução

PorquinhoCompreender como uma dívida se desenvolve e aceitar que, na maioria das vezes, depende de nossa atitude é algo que deve ficar muito claro e persistente na mente de todos. Conforme foi colocado, no primeiro artigo desta série, vivemos em um mundo extremamente consumista e de crédito fácil. O que muitas vezes aparenta ser vantajoso no início, pode se tornar um transtorno ao longo do tempo.

Seu estilo de vida precisa ser compatível com a sua renda e reservas financeiras.

A primeira avaliação que devemos fazer é referente a aquisição de bens em relação ao nosso poder aquisitivo e reservas financeiras. Uma pessoa que conta com uma remuneração próxima de R$ 3.000,00 e sem reservas, “pode” comprar facilmente um carro que custa R$ 60.000,00 caso aceite arcar com parcelas a perder de vista. Neste exemplo, estamos falando de um bem que custa vinte vezes (20x) seu salário. Logo, sem a facilidade do crédito isto seria impossível. Ai reside o grande perigo. Parece um compromisso controlado se pensarmos isoladamente, mas não será o único – e isto sem entrar em detalhes de gastos adicionais com combustível, seguro, IPVA e manutenções, por exemplo. É um cenário clássico e bastante comum de incompatibilidade financeira.

O endividamento pode surgir de inúmeras maneiras. Mas, será consequência inevitável para quem mantém em descompasso os bens “adquiridos” com a “capacidade financeira”. Não tente demonstrar um padrão de vida ou status social acima de sua realidade. Desta forma, não será possível construir um grande patrimônio estável. Pelo contrário, impede.

Parte disto é reflexo do consumismo e da necessidade de demonstrar “status” (superior). Não sei quem é o autor, mas há um pensamento interessante que diz o seguinte: “Status é comprar coisas que você não quer, com o dinheiro que não tem, a fim de mostrar para gente que não gosta, uma pessoa que você não é”. Ou seja, é um limitador que reflete a falta de prioridades de um indivíduo.

Se você lida com o crédito como algo “essencial e indispensável” em sua vida, sugiro que repense. Lembre-se que o esforço necessário para acumular patrimônio e construir riqueza, é “muito” menor que o esforço despendido para sair de uma dívida. Portanto, reveja seus conceitos o quanto antes. Mude de comportamento e dedique tempo a educação financeira.

O objetivo principal deste site é tratar estratégias e alternativas de investimentos, visando a construção de riqueza. Trata-se de algo disponível apenas para quem está livre de dívidas. Sendo assim, o primeiro passo é se livrar das dívidas, para depois criar o hábito de poupar e investir.

Abordaremos algumas alternativas viáveis e eficientes para sair de uma dívida – é claro que o tempo necessário dependerá da realidade financeira (salário principal, rendas alternativas e etc) e do grau de endividamento de cada um.

Há inúmeros sites que tratam este assunto. Fiz várias pesquisas e procurei colher o que há de melhor em cada recomendação, cruzei as informações mais pertinentes e pontuei da seguinte maneira:


1. Comece fazendo uma análise detalhada de sua situação financeira e dívidas

É muito arriscado iniciar o pagamento sem que haja planejamento e estratégia. Portanto, a primeira etapa consiste em identificar o tamanho do problema para possamos combatê-lo posteriormente.

Faça uma relação de todos os credores e de quanto deve a cada um (levante todos os carnês, faturas ou qualquer documento referente as dívidas). Organize tudo em planilha. Outra alternativa, muito interessante, é utilizar o Sistema de Informação de Crédito do Banco Central (SCR) – o sistema lhe permitirá enxergar todas as dívidas, o custo, o fluxo de pagamentos e quais já estão vencidas.
http://www.bcb.gov.br/fis/crc/ftp/Manual%20do%20Cidad%C3%A3o.pdf

Similar a um controle de fluxo de caixa, faça um levantamento do montante, em dinheiro, que entra e sai mensalmente. Procure identificar quais gastos são essenciais e quais são secundários – é importante para estabelecer prioridades. Este processo deve ser revisto e atualizado todo mês. Com isto, é possível identificar onde economizar para renegociar o empréstimo e acompanhar a evolução da estratégia em relação ao pagamento da dívida.

Isto pode ser feito com o sistema de controle financeiro (gratuito) disponibilizado pela corretora de valores “rico.com.vc”.
http://lp.rico.com.vc/-planilha-de-controle-de-gastos


2.
Faça sacrifícios para reduzir o tamanho do problema e ampliar sua capacidade de pagamento

Agora com os dados em mãos, faça uma revisão e ajustes de seus gastos de forma que seja possível contar com um orçamento maior para o pagamento das dívidas. A intensidade das medidas que veremos depende do patrimônio atual, grau de endividamento e volume de dinheiro disponível para o pagamento. Infelizmente, os sacrifícios são indispensáveis. É uma medida desagradável, mas sua duração será proporcional a eficiência colocada em prática.

Comece cortando, temporariamente, despesas secundárias, como “canais adicionais de televisão por assinatura, restaurantes, clubes, salão de beleza, cigarro, passeios de carro, viagens e etc”. Não se desespere. Não é preciso agir ao extremo. As mulheres podem ampliar o intervalo de tempo de ida ao salão. Os passeios de carro podem ser substituídos por percursos menores, seguidos de caminhada. Dependendo do grau de endividamento, a ordem é: “Diminua seus gastos”.

Em casos mais graves, avalie a possibilidade de “trocar” um bem de maior valor por outro menor, como carro ou apartamento. A diferença na transação será destinada a diluição de algumas dívidas (amortização). Neste exemplo, outros benefícios surgirão, como a redução de gastos referentes a manutenção e impostos. Mas, fica um alerta: “Não aja por impulso”. É evidente que a diferença de valor precisa ser significante o suficiente para quitar ou amortizar uma grande parte da dívida, do contrário será um péssimo negócio. E, caso concretize, não veja como um retrocesso, mas sim como parte de uma estratégia que lhe devolverá a chance de voltar a crescer financeiramente.

Dependendo do potencial de crescimento da dívida, considere a “venda” do carro e, se estiver empregado, o adiantamento de benefícios como férias e 1/3 (ou adicionais, caso existam).

Parece um exagero? Acredito que não. Enquanto a dívida não for quitada, parte do dinheiro que entrar é “perdido”, visto que já tem destinação própria. A única saída é priorizar o pagamento. Sem isto, a dívida tende aumentar cada vez mais, até o momento em que restrições são impostas (criando barreiras ainda mais fortes).

Aceite um sacrifício maior para não precisar passar por situações constrangedoras e desagradáveis.

Não sinta vergonha da condição em que se encontra e não tente esconder, pois acabará aumentando sua exposição e estresse. Uma dívida, em descontrole, tende a corroer os bens conquistados ao longo da vida. Com o tempo, existe um grande risco de sofrer restrições no mercado (inclusive na seleção de trabalho) e, no pior caso, penhora de bens. Seja como for, o estresse é grande.

Em alguns casos, apesar de ilegal, é provável que empresas de cobrança lhe incomodem em tom ameaçador (inclusive de prisão). Mas, não se intimide. Lembre-se que dever não é crime. Ninguém é preso por este motivo, exceto nos casos em que a dívida é feita de forma premeditada, sem intenção de pagar (caracteriza estelionato).

Conheci pessoas que perderam tranquilidade e saúde porque não aceitaram “recuar”. Em alguns casos, a troca de imóvel teria sido uma “solução definitiva” e rápida. Como é muito difícil aceitar uma redução no padrão de vida ou status social, a maioria acaba estendendo o sofrimento.

O quanto antes aceitar a realidade e reagir, mais rápido se reerguerá.


3. Estabeleça uma meta e prioridades para o pagamento das dívidas

Comece concentrando-se nas dívidas cujos serviços (essenciais) estão prestes a sofrer cortes. Em seguida, dê prioridade às dívidas que cobram os juros mais altos. Isto deve ser feito baseando-se nas informações levantadas no primeiro item (com sistema SCR ou planilha de Controle Financeiro).

Alguns analistas recomendam separar “até 30%” do orçamento para o pagamento dos credores. Este limite é defendido visando não comprometer a capacidade de sobrevivência. Não há como eliminar gastos com alimentação e aluguel, por exemplo. Esta é uma forma de manter sua estratégia sob controle e persistente ao longo do tempo, sem comprometer sua saúde física e mental.

A estratégia tem que ser definida de tal forma que seja suportável segui-la até o fim, sem perder o foco na quitação da dívida.


4. Renegocie ou tente a portabilidade de suas dívidas

Este é um momento fundamental para aqueles que não encontram mais saída para o problema ou não concordam com as taxas praticadas. Há vários mecanismos que permitem negociar uma dívida ajustando para patamares “justos” ou suportáveis. Não esqueça que os credores estão interessados em receber e, com isto, estarão abertos a negociação.

Procure negociar pessoalmente com a instituição credora, demonstre o interesse em pagar o que deve e quais são as dificuldades existentes. Isto pode ser reforçado com a apresentação da planilha que contém o acompanhamento de suas dívidas (primeiro item). Discuta alternativas com o gerente.

Nem sempre aceite a primeira proposta que receber. Esteja preparado para uma contraproposta e documente cada passo. Mas, caso as vantagens negociadas não correspondam às expectativas, não se afobe – há outras alternativas interessantes que podem ser estudadas, até porque a dívida não será quitada de uma hora para outra.

Fique atento aos mutirões ou campanhas de renegociação de dívidas organizados pelas instituições financeiras (costuma partir de bancos ou administradoras de cartão). Como a convocação é feita em massa, a oportunidade de descontos maiores costuma ser grande.

Em caso de insucesso, outra alternativa é recorrer ao “Feirão Limpa Nome do Serasa”, negociando suas dívidas pela Internet.
http://www.serasaconsumidor.com.br/limpa-nome-online/

Se estiver inseguro quanto aos termos da renegociação ou penalidades, consulte órgãos de defesa do consumidor como Procon, IDEC ou Defensoria Pública do Estado.

Há também outras alternativas interessantes que podem ser estudadas.

O empréstimo consignado é considerado uma das linhas de crédito mais baratas do país. Logo, é possível, por exemplo, fazer um empréstimo pessoal ou consignado, que apresentam taxas de juros entre 3% e 5% em média, para quitar dívidas no cartão de crédito ou cheque especial. É uma “troca” interessante, visto que a diferença de juros é absurdamente grande – neste momento de crise (AGO 2015), a taxa no cartão de crédito chega a 372% ao ano. Mas, não imagine que esta taxa exorbitante no cartão de crédito seja apenas reflexo da crise atual, porque não é. Veja um comparativo em relação a situação econômica em 2012 (já em 323%).
http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/infomoney/2012/07/17/brasileiro-paga-a-maior-taxa-de-juros-do-cartao-de-credito-da-al-veja-comparacoes.jhtm

Outra possibilidade é a portabilidade da dívida, que consiste em migrar a dívida de um banco para outro, a juros menores. Além disto, esta modalidade ainda desperta o interesse de negociação por parte do próprio banco, que não quer perder sua clientela para concorrência. Acredita-se que este é um dos motivos para a redução no número de registros desta modalidade nos últimos anos, fazendo com que os bancos procurem a renegociação assim que são comunicados sobre a portabilidade.

Caso a dívida tenha alcançado valores exorbitantes, abusivos ou impagáveis, o último recurso será recorrer a justiça, ajuizando uma “ação Revisional”. Outra vantagem é que durante o processo serão abertas várias oportunidades de negociação.


5. Limpe seu nome

Caso suas dívidas não sejam pagas a tempo, seu nome certamente cairá na lista de inadimplentes no Serviço de Proteção ao Crédito (SCPC ou SERASA).

Além de constrangedor, implicará em inúmeras restrições no mercado. A única “vantagem” será o impedimento de realizar novas dívidas devido a restrição de crédito (servirá como um grande freio).

Portanto, livre-se de suas dívidas e regularize sua condição o mais rápido possível. Entre em contato com o Serviço de Proteção ao Crédito para receber orientações de como proceder.

Lembre-se do longo caminho percorrido, bem como dos inúmeros sacrifícios, e tome isto como um grande aprendizado.


6. Invista em educação financeira

Dedique algum tempo para estudar sobre finanças e investimentos. Não é preciso se tornar um expert no assunto, apenas aprimore seu conhecimento gradativamente, evitando voltar a incorrer em erros que lhe coloquem na posição de devedor e busque, ao mesmo tempo, abrir novos horizontes para o “mundo dos investimentos”.

Se, ao final disto, ainda estiver imaginando que não é capaz de poupar e investir, lembre-se que para sair de uma dívida o esforço é muito maior e extremamente desgastante. Poupar e investir é MUITO mais fácil, com benefícios infinitamente superiores.

É preciso desenvolver consciência financeira e metas pessoais.

Assistam a estes vídeos do canal BM&FBOVESPA

– Como sair das dívidas

– Saindo do poço