Mais um assunto polêmico que vem sendo muito discutido. Afinal, é uma febre recente que atinge todas as idades. Não vou tentar concluir se o jogo trás malefícios ou benefícios para a sociedade (o entendimento disto é muito pessoal), mas farei uma ponderação sobre como a tecnologia tem influenciado no cotidiano das pessoas.
O meu interesse por tecnologia (informática) despertou cedo, ainda criança (aproximadamente 9 anos) – aliás, na minha opinião, o entendimento atual que vem sendo formado sobre tecnologia é muito distorcido e pode causar frustração para os futuros acadêmicos.
Quando comecei, o acesso à informação era mais “restrito” e não existia Internet. Então, obter conhecimento diferenciado dependia de cursos “caros” (ganhei alguns) e conhecer pessoas da área (dispostas a ensinar). Felizmente, eu contava com tudo isto. O simples fato do meu pai ter pertencido a arma de Comunicações do Exército Brasileiro facilitou bastante. Aprendi programação muito antes de entrar na faculdade, por exemplo. Toda esta paixão criou uma barreira para a aceitação de outras disciplinas, algo que tornou minha fase estudantil um tanto tumultuada. Obviamente, nem sempre fui um bom aluno. Não foi fácil. Com o tempo, aprendi conduzir isto de uma maneira mais equilibrada.
Conforme o tempo passou, muita coisa mudou – algumas para melhor, outras para pior. 😉
Mesmo com um número de “opções” absurdamente menor, eu tinha muita dificuldade para distribuir minha atenção e interesse de forma equilibrada. Paguei por isto. Felizmente, não existiam joguinhos on-line (risos). Cresci procurando dominar determinados campos da tecnologia. Na minha opinião, o entendimento atual sobre tecnologia vem sendo distorcido. Dominar uma tecnologia específica é uma coisa, ser usuário dela é outra. O segredo está em extrair o melhor, sem permitir que ela nos domine ou controle. Se antes era difícil, agora virou um grande desafio.
Tenho 40 anos de idade e meu perfil sempre foi mais reservado. Este é um ponto que tenho interesse em melhorar, mas é algo que, depois de tantos anos, está praticamente enraizado. Não é fácil. Mesmo assim, eu participava de brincadeiras como: esconde-esconde, guerra de bexiga d’água (entre muitos amigos), competição de bicicleta (percorria alguns quilômetros, ainda criança), joguei bets (algumas vezes) e etc. Nunca fui muito fã de esportes (falha minha), mas existia uma infinidade de alternativas para exercitar o corpo. As brincadeiras eram mais saudáveis e exigiam mais fisicamente.
Reconheço que muita coisa melhorou. Mas, se pensarmos friamente, a nossa liberdade de ir e vir diminuiu bastante (para pior). Esta nova realidade impõe uma mudança natural de comportamento. A tecnologia pode ser uma grande aliada. No entanto, passa ser sua maior inimiga, se você permitir que ela lhe controle.
Quando a Internet surgiu, o ambiente virtual e a facilidade de comunicação passou a exercer uma influência ainda maior sobre cada indivíduo e a quantidade de informação ultrapassou qualquer limite imaginável. É possível encontrar informação sobre qualquer assunto, o problema é confirmar a veracidade. É inegável que isto trouxe inúmeros benefícios, mas os malefícios são ilimitados também. Não se iluda. Nem entrarei no mérito da segurança (são várias questões), pois seria ainda mais complicado. Boa parte da população não faz a mínima ideia dos riscos envolvidos (nem as autoridades compreendem muito bem.. risos).
Até “pouco tempo”, a conexão de internet dependia da aquisição de um computador pessoal, modem e assinatura de um provedor de Internet. De certa forma, era um fator limitante para muitos brasileiros. O preço de um computador ou plano de acesso não era muito acessível e ainda existia o inconveniente de ter que compartilhar o computador. Com a evolução da tecnologia, surgiram os equipamentos compactos e portáteis com poder de processamento visto, anteriormente, apenas nos computadores pessoais. As tecnologias de rede evoluíram junto, permitindo diferentes meios de conexão. Tudo isto tornou celulares e tablets equipamentos mais acessíveis e desejados. Não é à toa que as pesquisas apontam que, nos últimos anos, a venda de celulares superou a de computadores – a finalidade não é exatamente a mesma.
Antes dos equipamentos compactos e portáteis, a “necessidade” de permanecer conectado já existia (muitos recursos disponíveis na Internet são viciantes). Porém, existiam alguns fatores limitantes, como: “custo da chamada telefônica (conexões discadas), utilização de um computador compartilhado pela família, menor privacidade e tempo de espera até carregar o sistema operacional e ferramentas de acesso“. Com o avanço das soluções de Internet, operadoras e surgimento dos smartphones e tablets estas limitações desapareceram. Ou seja, a disponibilidade das pessoas, em rede, aumentou absurdamente, mantendo a conexão ativa 24×7 (dia inteiro).
O próprio WhatsApp induz manter a conexão ativa permanentemente (eu não deixo).
Esta nova realidade mudou muita coisa no cotidiano das pessoas. Tenho certeza que você conhece pessoas que almoçam com o celular na mesa (ao lado), leem mensagens DURANTE reuniões de trabalho, respondem WhatsApp ou tiram fotos enquanto estão dirigindo, levam o celular quando vão ao banheiro (risos) ou ficam dispersas quando combinam um encontro ou jantar entre amigos. “Felizmente”, agora ficou ainda mais fácil acompanhar o que acontece no Facebook, Instagram, Twitter, Linkedin, WhatsApp, Telegram, SnapChat, Youtube ou Gmail. Isto sem levar em consideração que, a qualquer momento, um dos seus contatos pode lhe enviar um pedido para jogar Candy Crush. E você ainda pode combinar um jogo entre amigos: “Pessoal, que horas vocês conectam?”. É assim que estamos evoluindo…
Além disto, no meu caso, ainda preciso administrar o tempo livre para alimentar dois blogs, estudar conteúdo técnico sobre segurança, redes, investimentos e economia. Participo de listas de discussões e fóruns técnicos sobre Linux. Também preciso colocar em dia a leitura de alguns relatórios que recebo da Empiricus. Aliás, fico extremamente contente quando não consigo ler os e-mails por dois dias seguidos, e depois vejo uma página inteira de mensagens novas.
Por esta razão, posso dizer que passei a encarar a tecnologia de outra maneira. Estou sendo mais seletivo.
Cada um é livre para fazer o que quiser. A ideia de felicidade varia de indivíduo para indivíduo, mas…
Não tenho o menor interesse em jogar Pokémon Go. Na minha opinião, se você quer descontrair de verdade e aproveitar o melhor que a vida tem para oferecer, desconecte-se um pouco.