Se há uma questão difícil de responder, é esta.
Ela deve ser vista sobre dois ângulos: o investidor que está estudando uma possível entrada; e o investidor que está posicionado e não sabe o que fazer (com receio).
O primeiro aspecto que todo investidor deve levar em consideração é o risco envolvido, não assumindo riscos que não puder suportar. O ideal é selecionar ações de boas empresas: “dívida sob controle, lucros consistentes e evolução patrimonial”. Logo, este já seria um critério de eliminação para a compra de ações da Petrobras (dívida em descontrole, dois anos de prejuízo e “falhas administrativas”). No entanto, neste caso em especial, o risco que se assume frente o potencial de ganho torna “este investimento interessante”. Entenda que é arriscado, mas podemos limitar os riscos.
Não estou recomendando a compra, farei apenas uma reflexão. E digo isto porque acredito – posso estar errado – que vale à pena investir, mas é preciso avaliar os prós e contras. Vale lembrar que investimentos em ações são de risco elevado. Portanto, não haja por impulso.
Neste momento de crise, há um derretimento de ações de grandes empresas que apresentam excelentes resultados. A queda tem sido provocada pela tensão do mercado como um todo, reflexo de uma péssima repercussão da política socioeconômica (desemprego, inflação alta, PIB negativo e etc), desdobramento dos escândalos envolvendo a Petrobras, expectativa sobre a produção chinesa, estouro da bolha da bolsa chinesa, queda de preço do barril do petróleo e crise econômica internacional. Com tudo isto junto, o efeito da especulação acaba sendo devastador e qualquer notícia agita o mercado facilmente. Particularmente, acredito que o momento merece grande cautela, mas, ao mesmo tempo, pode ser oportuno para investidores conscientes.
Agora vamos direto ao ponto. A situação da Petrobras é bastante delicada (horrível), mas há fatores que diferenciam das demais empresas. O primeiro, diz respeito ao impacto direto sobre o PIB, respondendo por 5% da economia: “A crise, na Petrobras, escancarou a dependência que a economia brasileira tem da maior empresa do país em receita, em áreas como emprego, renda, balança comercial, contas públicas e no Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) – Fonte ‘O Globo‘”. E, ironicamente, o outro fator diz respeito a seu controlador, que é a União Federal (com 50,26%). Como o governo é o sócio majoritário, sua flexibilidade econômica é muito maior (infelizmente, foi exatamente isto que a fez afundar – dívida de R$ 506 bilhões). Sem estes fatores, não seria sensato investir na empresa.
Então, sendo prudente (na operação), acredito que o risco seja aceitável e “pode ser controlado”. A princípio, o valor da cotação está realmente “baixo” (muito descontado), mas não há garantias de que não possa ficar pior. Logo, não “aposte” sua maior alocação financeira nisto. Diversifique de forma equilibrada, investindo apenas o dinheiro que não lhe fizer falta no longo prazo. Do contrário, não compre ações. Não podemos e nem devemos nos desesperar com as oscilações frequentes e agressivas. O ideal é estabelecer um planejamento que permita obter ganhos razoáveis no caso de sucesso, e perder pouco caso a operação dê errado. Para isto acontecer, cada um deve investir de acordo com sua capacidade.
Fazendo uma análise das cotações, você pode até imaginar que o ideal seja adquirir ações preferenciais (PETR4), negociadas a um preço abaixo das ordinárias (PETR3) e, no futuro, você teria ainda preferência nos dividendos. Na prática esta preferência quase não existe. E como o futuro da Petrobras é muito incerto, a aquisição de ações ON lhe oferece um nível de segurança maior porque confere os mesmos benefícios do majoritário em caso de troca de controle.
A decisão é pessoal e cabe a cada investidor decidir se vale à pena ou não. Cada um é responsável pelas escolhas que fizer. Aos que optarem pela compra de ações, na minha opinião, o momento não é favorável para trades. Sei que a volatilidade é bem vinda para adeptos de trade, mas o problema é que o mercado tem reagido de forma agressiva e pouco previsível. Se está difícil para profissionais, para o amador é ainda pior. Este não é um momento para “fazer gracinha”.
Para adeptos de “B&H” acredito que a compra será interessante se trabalhar com um bom manejo de risco.