Trader vende apartamento para comprar ações da Gerdau

Eis uma notícia recente e que merece questionamentos…
Trader vende apartamento para comprar ações da Gerdau, prevendo alta de 200%

traderTrata-se de uma publicação da Infomoney e pode ser conferida, na íntegra, em:
http://www.infomoney.com.br/gerdau/noticia/4552493/trader-vende-apartamento-para-comprar-acoes-gerdau-prevendo-alta-200

Farei algumas ponderações sobre o assunto porque meu objetivo tem sido compartilhar experiências e conhecimentos que auxiliem no desenvolvimento do investidor, bem como no acúmulo de patrimônio. E o que foi postado na Infomoney segue na contramão de tudo que tenho tratado.

Ninguém é dono da verdade e a “operação descrita”, em função do fenômeno das chances, pode até terminar bem (assim como em qualquer aposta), mas é uma péssima referência. É desta forma que a grande maioria fracassa na Bolsa. O nosso sucesso não deve e nem pode depender de sorte. É um excelente exemplo do que NÃO devemos fazer.

Historicamente, é fazendo exatamente isto que muitos perdem tudo! 😉

Mesmo sem aplicar qualquer tipo de análise mais específica (como técnica ou fundamentalista), já podemos concluir que o trade foi muito “imprudente”, independente do resultado. A primeira regra de investimento foi quebrada (a mais básica e fundamental): patrimônio não se gira.

Ou seja, NUNCA venda um imóvel para investir em ações. Uma atitude como esta é a prova de que o investidor não dispõe de recursos financeiros para arcar com a operação que deseja. Do contrário, não estaria se desfazendo de um bem. Sendo assim, movido pela ganância, está ignorando um controle de risco mínimo.

No caso da operação em questão, a primeira perda acontecerá, de imediato, com os custos envolvidos na negociação de venda do imóvel. Também não há garantias de sucesso na operação de trade. Em função dos riscos envolvidos, não é uma “troca” muito inteligente. Logo, o ideal é que os trades sejam feitos apenas com “capital alocado a risco”. E, em caso de sucesso (com lucro), o investidor terá que arcar com 15% de IR sobre os lucros. Mas, se der errado, o prejuízo será ainda maior.

Pode ser que o trade seja vitorioso (como cara ou coroa), mas o risco envolvido na operação não é aceitável.

Bons investimentos, dependem de bom manejo de risco. Particularmente, não consigo enxergar o menor sinal de manejo de risco no trade exposto, tanto pelo “tamanho da aposta” quanto pelo comprometimento do patrimônio (se é que realmente aconteceu da forma descrita). Logo, a segunda regra básica também foi quebrada.

Apenas isto já seria suficiente para descartar a operação, sem analisar a ação ou empresa.

O trade é, de certa forma, uma “aposta” embasada em indicadores de probabilidade e estatística. Sua precisão depende de ‘n’ fatores. Neste momento, de grande instabilidade e crise econômica, o risco é ainda maior porque a cotação tende a reagir bruscamente a especulação. Logo, a eficiência destes indicadores tende a diminuir em períodos como o que estamos vivenciando. Quem vem acompanhando a Bolsa, desde a virada do ano (para 2016), sabe do que estou falando. Não tem sido fácil.

Mas, se avaliarmos os balanços da Gerdau, a operação fica ainda mais complicada. Sua dívida vem crescendo ano após ano. Em 2001 a dívida era de aproximadamente R$ 4 bilhões e encerrou o ano de 2015 em aproximadamente R$ 27,5 bilhões. A dificuldade em manter os lucros consistentes também é algo muito preocupante, encerrando o ano com um prejuízo de aproximadamente R$ 1 bilhão. E a margem que já não era boa (ridiculamente pequena), terminou negativa. No longo prazo, a cotação segue fundamentos e, por esta razão, vem caindo. Logo, não há nada de muito surpreendente na cotação atual.

Portanto, com um balanço tão negativo, é improvável que a ação atinja uma valorização de 200% em pouco mais de um ano. A não ser que aconteça algum evento não recorrente neste intervalo de tempo. Sem acesso a informação privilegiada, esta operação parece mais uma loucura.

Cabe aqui mais uma reflexão sobre este tipo de notícia…

De uma maneira geral, quando um “trader profissional” e muito conhecido torna sua operação pública, “expondo o alto risco que está assumindo” (ou faz parecer), ele tende influenciar pequenos investidores a embarcar junto. Afinal, um investidor mais experiente sabe o que está fazendo e “não colocaria seu patrimônio em risco”. Lembre-se, contudo, que este investidor estará posicionado antes dos demais (a publicação acontece a posteriori). Trata-se de uma vantagem suficiente para lucrar com a valorização artificial causada pela entrada dos demais “retardatários” – não precisa ser muito. Pela quantidade de papéis do “trader profissional“, é possível lucrar no dia do anúncio. Mas, as chances dos demais não serão as mesmas.

Resumindo… Não tente seguir estes investidores! 😉

Investindo em Renda Fixa

Trata-se de uma classe de investimento bastante segura e deve fazer parte da carteira de todo investidor, seja como forma de diversificação ou em função de um perfil mais conservador. Já afirmei, em diferentes oportunidades, que o momento atual de crise (JAN 2016) pode ser bastante oportuno para investidores conscientes e há inúmeras possibilidades. O objetivo aqui é procurar esclarecer as principais diferenças e “auxiliar no processo de escolha”.

A Renda Fixa é um tipo de investimento que possui o retorno do capital investido (rentabilidade) determinado no momento da aplicação financeira. Consiste basicamente no empréstimo de dinheiro ao emissor do papel, como “bancos” (Certificado de Depósito Bancário – CDB), “empresas” (debêntures) ou “Governo” (Letra do Tesouro Nacional, Nota do Tesouro Nacional, etc).

O principal objetivo é permitir que instituições possam captar recursos e financiar seus projetos ou negócios. Em contrapartida, o investidor recebe uma remuneração por “prazo determinado”, na forma de juros e correção monetária.

Investimentos em renda fixa, em sua maioria, contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante valores de até R$ 250 mil, por CPF e instituição financeira.

Em função da baixa exposição de risco (mais seguro), é um investimento que apresenta rendimentos menos expressivos. Mas, neste período de crise, a elevada taxa de juros mudou um pouco esta realidade. Há uma série de alternativas que se ajustam ao perfil e disponibilidade financeira de cada investidor. As opções mais comuns são: Poupança, Tesouro Direto (TD), Certificados de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e fundos DI.

Os fundos de investimentos, como DI, não contam com a proteção do FGC e normalmente recebem uma classificação própria (em breve farei um artigo mais específico).

Estamos vivenciando um período repleto de opções tentadoras. Mas, cuidado. A escolha de um bom investimento “não depende apenas da rentabilidade”. Evite investir em bancos pequenos ou pouco conhecidos, pois o risco será muito maior. Apesar do FGC oferecer proteção, no caso de falência (por exemplo), o intervalo de tempo com os trâmites legais pode lhe causar grandes transtornos.

Opte preferencialmente por investimentos de “longo prazo”, pois o tempo potencializará o efeito dos juros compostos. Investimentos de curto prazo resultam em resgastes mais constantes e isto gera custos mais elevados, reduzindo drasticamente o efeito dos juros compostos. Há inúmeros estudos comprovando que “rentabilidade não supera tempo”. E o motivo é simples: “os juros compostos atuam exponencialmente”.

O momento atual, com inflação alta e taxa de juros crescente, é oportuno e merece cautela. Não é tão simples. É realmente oportuno para quem se planejou durante o período de bonança (poucos fizeram isto), mantendo crescente sua reserva financeira e agora conta com recursos adicionais para lidar com as altas taxas. É isto que possibilita optar por novas aplicações e ainda obter um ganho maior com as já existentes. Para quem está começando é mais complicado, pois estas mesmas taxas refletirão negativamente e com maior peso sobre suas vidas – tornando ainda mais difícil (até para manter o padrão de vida). Portanto, a nossa estratégia de investimento deve ser mantida antes, durante e depois das crises. Volto a dizer: “faça um planejamento de investimento visando o longo prazo”.

Para compreender melhor as principais opções disponíveis, recomendo a leitura:
http://blog.bussoladoinvestidor.com.br/investimentos-renda-fixa/

Particularmente, tenho uma visão um pouco diferente em relação a caderneta de poupança.

O investimento na poupança vem sendo desaconselhado em função de sua péssima rentabilidade. Como o rendimento atual perde para inflação, é evidente que há alternativas mais interessantes. No entanto, devemos agir estrategicamente e com cautela. Não há razão para mover tudo às pressas, principalmente se for sua única aplicação. Fiz algumas ponderações sobre o assunto quando escrevi o artigo A Estratégia.

Não haja por impulso e fuja das modinhas do mercado financeiro. A realidade muda com o passar do tempo. Se o investidor buscar cada “oportunidade” pontualmente, perderá dinheiro repetidas vezes. A escolha do investimento depende de vários fatores, incluindo a disponibilidade financeira de cada um (recursos disponíveis ou renda), bem como da capacidade de poupar. Sendo assim, não há como afirmar diretamente que o investimento “x” é melhor que “y”.

O Tesouro Direto (TD), por exemplo, é uma alternativa muito interessante para quem conta com recursos financeiros limitados, mas não é via de regra. A necessidade de resgate antecipado pode resultar em prejuízo. É preciso avaliar o título escolhido e a capacidade de lidar com o investimento até a data de vencimento. Logo, é possível perder dinheiro com renda fixa.

Mas, nestas condições, o LCI é um forte concorrente e meu preferido (se comparado com TD). E digo isto porque o TD tem prazo estabelecido e incomoda-me um pouco sofrer taxação de IR tão alta (no mínimo 15%), sendo que o investimento visa a financiar a dívida pública. De certa forma, somos taxados pelo beneficiário direto de nosso investimento. Um tanto irônico, não?

Já o LCA tem se mostrado uma excelente opção para quem dispõe de maiores recursos e é isento de IR e IOF (a isenção também se aplica ao LCI). Portanto, o que tende a inviabilizar a escolha do LCA é o aporte inicial. Neste ano, o Banco do Brasil mudou o valor de R$ 30.000 para R$ 50.000. Infelizmente, o governo vem flertando com uma nova forma de tributação.

Para entender melhor como funciona o TD, LCI e LCA, recomendo assistir os vídeos da corretora Easynvest – o bastante instrutivos e didáticos, mas entendam que não é uma recomendação de investimento ou indicação de corretora (pesquise antes).

https://www.youtube.com/watch?v=SH1952jTfZ8

https://www.youtube.com/watch?v=IJflAekfzKo

O TD é considerado hoje uma das melhores opções de investimento, valendo-se da segurança de um investimento de renda fixa em relação a alta taxa de juros ou inflação. Mas, cuidado. Analise bem os riscos e não caia na ilusão de que potencializará o resultado fazendo “trades”.

Para desmistificar a “tara” natural por rentabilidade ou tentativas de “trades com TD”, assistam este vídeo (é longo):

https://www.youtube.com/watch?v=xHdT_fiUr2A

Acesse o site oficial do Tesouro Nacional para obter maiores informações sobre o TD.
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto

Para compreender um pouco mais a relação entre a economia e o TD (bastante didático):
Reserve um tempo um pouco maior porque o vídeo é longo (1h é suficiente). Apesar do material ser bastante instrutivo, ignorarem as dicas envolvendo operações de trade com TD. E também discordo da visão dele no que tange ao mercado de ações.

https://www.youtube.com/watch?v=r6W_LNkLVqE

JBS despenca após denúncia

Finalmente, depois de tantos dias de estresse, o IBovespa fechou em alta de 2,34%. Mas, o ano ainda promete. E para a JBS o desafio será ainda maior (prefiro ficar apenas observando).

As ações da JBS (BOV:JBSS3) despencaram no pregão de terça feira (-7,3%), a maior queda do índice Ibovespa (BOV:IBOV), após o Ministério Público Federal de SP denunciar executivos do grupo J&F, controlador da JBS, por crime contra o Sistema Financeiro Nacional, com simulações de empréstimos entre companhias do grupo e o Banco Rural. Joesley Batista, presidente da J&F e do conselho de administração da JBS, é um dos acusados pelo MPF. O grupo J&F esclareceu que a JBS não têm relação com a denúncia. – Fonte ADVFN.

http://www.valor.com.br/agro/4411072/mpf-denuncia-joesley-batista-da-jbs-por-crime-financeiro

Projeções negativas para 2016

Infelizmente, as projeções deste ano continuam negativas… piores, diga-se de passagem!

Tudo indica que passaremos por um ano ainda mais complicado que o anterior; 2016 promete. A visão do Felipe Miranda pode parecer um pouco exagerada, mas é bastante realista. Aliás, o índice de acerto de suas análises impressiona bastante – tenho acompanhado faz algum tempo.

Volto a afirmar que o momento é “oportuno para investidores conscientes“, mas também “muito delicado para quem estiver endividado“. Não façam novas dívidas ou procurem quitá-las o quanto antes.