Bitcoins: Porque optei ficar de fora!

Nas últimas semanas, o barulho estrondoso causado pelo Ransomware WannaCry colocou o Bitcoin sob os holofotes do mundo inteiro. Foi um evento que acabou favorecendo a moeda, que apresentou uma valorização muito agressiva e fora do “padrão”. É evidente que isto abriu um espaço ainda maior para especulação. A forma como cada um escolhe para se posicionar no mercado financeiro é algo muito pessoal, e nós somos os únicos responsáveis pelos resultados de nossas escolhas (seja no sucesso ou fracasso). Sendo assim, compartilharei a razão pelo qual EU resolvi ficar de fora. Não posso e nem vou afirmar qual escolha deve ser tomada, porém gostaria de alertar e mostrar os riscos reais, para que futuros investidores não hajam como torcedores.

Hoje, participei de uma discussão bastante acalorada sobre o assunto, mas, por ser um tema muito polêmico, a discussão se tornou improdutiva (bastante inútil, para dizer a verdade). Nunca consigo desenvolver um raciocínio lógico até o final (risos). Por se tratar de um assunto em grande evidência, resolvi compartilhar a minha visão pessoal e as razões que me fizeram ficar de fora.

Significa que a minha escolha é a melhor? De forma alguma, apenas não preenche meus critérios de investimentos e não desperta meu interesse. No momento, minhas prioridades são outras. Caso você se sinta confortável, a decisão é sua. Algumas pessoas lucraram muito.

A discussão começou quando, em tom de brincadeira, fui questionado se estaria interessado em operar com opções binárias. No mercado “convencional”, o sucesso das operações de trade depende de uma dedicação quase exclusiva e não tenho esta disponibilidade. Existe muita fantasia em torno do assunto. É você quem escolherá de que forma aprenderá isto (risos). No meu caso, sendo um profissional de TI, esta possibilidade está fora de cogitação, pois minha margem de erros seria maior e ainda colocaria minha atividade principal em risco. E, nas opções binárias, nossa resposta precisa ser muito mais rápida. Logo, não condiz com o meu perfil de investidor e também entendo que é uma forma de treinar o lado jogador. O assunto encerrou e, logo em seguida, comentei estar bastante surpreso com a valorização do bitcoin.

Foi aí que tudo começou…

Independente das escolhas ou opiniões (que são pessoais), é imprescindível identificar o nosso perfil de investidor, objetivos e o tipo de patrimônio que almejamos conquistar e expandir ao longo da vida. No menu investimentos, compartilhei a estratégia (e filosofia de vida) que sigo e não me arrependo de absolutamente nada. A única vez que perdi dinheiro, foi quando ignorei a estratégia e segui teorias tortas (induz assumir riscos desnecessários e pode levar algum tempo até cair de verdade).

Quanto ao Bitcoin

Neste exato momento (da postagem), está sendo negociado no mercadobitcoin a R$ 10.020:
Só hoje, ao longo do dia, a moeda apresentou uma volatilidade superior a R$ 2.000  😉

Excelente para especuladores, mas…

Muitas vezes, a volatilidade é interessante e desejável – pode abrir uma excelente janela de “oportunidades” (palavrinha perigosa). Entretanto, a intensidade apresentada no bitcoin nos coloca em uma posição muito semelhante dos jogos de azar. Em função do meu perfil, prefiro manter distância (nem como diversificação). O meu objetivo é acumular patrimônio diversificado em valor, que seja capaz de apresentar a maior estabilidade possível e mantendo poder de valorização gradativo. A partir do momento que você investe em algo tão arriscado e tem a sensação de que o lucro é sempre certo, seu controle emocional será testado, tendendo priorizar onde não deveria. É deste mesmo jeito que muitos fracassam na Bolsa de Valores.

Perdi a chance de especular um grande lucro? Sim, mas prefiro uma noite de sono tranquila.

Se considerarmos a finalidade principal (que é moeda de troca), de que maneira um empresário pode precificar seus produtos de forma coerente? Queira ou não, o valor de referência ainda é baseado na moeda local. Não dá para desassociar. As principais transações não são feitas apenas em bitcoins, é preciso negociar em uma casa de câmbio antes. Então, não posso aceitar comprar um produto pagando o mesmo valor em BTC do mês passado, pois o valor de mercado que ele representa hoje é absurdamente diferente. Há um mês atrás, 1 BTC estava cotado em aproximadamente R$ 6.000. É muita coisa. Agora, considere novamente a volatilidade do dia… É fácil concluir se está fazendo um bom negócio? Duvido muito!

Na discussão que participei hoje, ouvi de tudo sobre o assunto, inclusive muita besteira!

Durante a discussão, afirmaram categoricamente que as transações com bitcoins são ilegais. NÃO SÃO. Aliás, Já compartilhei um vídeo do COAF (Conselho de Controle de atividades Financeiras) expondo sua posição. Em nenhum momento a legalidade da moeda em si foi questionada. A preocupação reside na facilidade de realizar operações ilegais, valendo-se das características de anonimato total. Quanto a isto, podem ficar tranquilos.

Por enquanto, não existe restrição direta em relação as operações. Do contrário, o mercadobitcoin não poderia sequer existir. A própria Receita já disponibilizou opção para declarar bitcoins (para você declarar algo que possui ilegalmente, certamente não é… risos). Apesar disto, não se iluda em acreditar que nenhum governo possa exercer controle sobre a moeda. Diretamente pode até ser. Mas, nenhuma ação contrária foi tomada porque os governos continuam neutros em relação aos efeitos sobre o mercado financeiro. Se, algum dia, decidirem que as transações com bitcoin estão lesando outras atividades financeiras essenciais, não queira ter uma carteira recheada de bitcoins. Não existirá circuit breaker ou qualquer intervenção para evitar que a cotação vire pó.

As garantias envolvidas também são aspectos de extrema relevância. Na maioria das vezes o argumento é repetitivo, indicando que ninguém lhe oferece garantias porque a Poupança já foi confiscada antes. Ainda assim, apesar do sistema falho, foram oferecidas alternativas para reaver o dinheiro corrigido. Comparar uma moeda com uma modalidade de investimento específica já é algo bastante questionável.

Os bancos, por exemplo, estornam operações erradas ou indevidas. Tente fazer isto com bitcoin. Existe uma infinidade de possibilidades que esse pessoal ignora. Se a sua “corretora de valores” (com selo CETIP) fizer qualquer operação não autorizada em seu nome, ela responderá por isto. Então, dizer que não existem garantias no sistema atual, é piada. Seja como for, Insisto em dizer, é ilusão achar que o governo não pode exercer nenhum controle. Em momentos de crise, a única medida de proteção é a diversificação (comece desde cedo).

Mesmo que você disponha de bitcoins, na esperança de nunca ser “lesado” pelo governo (outro confisco), será rastreado nas operações de câmbio – a não ser que os dados de cadastro sejam falsos (caracterizaria crime) ou grande parte do comércio aceite o pagamento em bitcoins (você acha que, se isto acontecer, o governo continuará neutro e ficará aguardando por caridade? Inocente, heim!).

Não estou defendendo governo algum… apenas prefiro não me apegar a conceitos exageradamente utópicos.

Pode ser interessante especular. Mas, vejo como um momento impróprio e de grande euforia (significa comprar no topo).

Se você não estiver preparado para lidar com isto, vai acabar comprando na euforia e vendendo no pânico. Toda vez que a sua ganância falar mais alto, pode esperar pelo pior! É questão de tempo. Vai errar quando é inaceitável. Já passei por isto. Tô fora!

Confiram também uma discussão, no grupo do Bastter (leiam a opinião dele), sobre a utilização como reserva de valor:
https://www.bastter.com/mercado/grupos/Forum.aspx?g=220&t=747845

Boa sorte a quem se aventurar!

6 thoughts on “Bitcoins: Porque optei ficar de fora!

  1. Concordo com o seu ponto.

    Também estou de fora dos bitcoins. Prudência nunca é demais na mentalidade do investidor…

    Tem um amigo que comprou em janeiro e ele pediu conselhos. Falei: “Compre os bitcoins a quantidade que você deseja perder por completo. Vai que o bitcoin não dê certo no futuro! E o preço chegue a 0(zero).”
    Pelo que sei, depois de uma leve subida, ele vendeu de imediato e perdeu a subida de mais de 100% em seguida…

    Fica a lição! Ele estava mais para especular do que investir de verdade.

    Abs,
    50segundos

  2. Eu vejo um futuro promissor para moedas virtuais. Já surgiram até concorrentes do Bitcoin. Quem entrou na hora certa fez um lucro fabuloso, não dá pra negar.

    Sobre esse forum que você citou (Bast ter), vou passar minha impressão. O cara pode até entender de algo em renda variável (em renda fixa não sabe nada), mas é um ogro no trato com todo mundo. Tá certo que ele é o dono da coisa toda, mas sair distribuindo tapa pra todo lado não é o melhor meio de arrumar cliente. Fora o português sofrível. É hábito de médico/engenheiro. Raramente se vê algum que saiba escrever. Dráuzio Varella sendo a honrosa exceção no caso dos médicos: o cara é um monstro, um dos expoentes da categoria no país.

    • A meu ver, o grande problema das moedas virtuais é a ideologia torta (quase anarquista) que está embutida.

      É complicado, já estão surgindo inúmeras alternativas. E a liberdade com descentralização que tanto defendem têm custo alto: falta de garantias e controle. A lógica por trás, como é caso do blockchain (por exemplo), pode ser adaptada ao modelo tradicional. A forma como costumam defender estas moedas dependeria de uma quebra no sistema político-econômico de um país. Duvido que aconteça. Muitas pessoas dizem que os governos não podem fazer nada. Não vejo assim. Já comentei minha visão sobre este assunto. Bastaria um país influente, como os Estados Unidos, decretar que operações com Bitcoin caracterizam crime contra o mercado financeiro e já era (game-over). Acredito que ainda não sabem como lidar ou explorar esta tecnologia. Então, por estas e outras razões, acho loucura formar patrimônio baseado em moedas virtuais. Certo ou errado, é a minha visão. Vamos ver o acontece (risos).

      Quanto ao fórum do Bastter, tive a mesma impressão quando acessei pela primeira vez. Mas, apesar de achar um pouco exagerada a forma como ele impõe alguns conceitos, pode ter certeza que o conteúdo é de grande qualidade. Veja alguns dos vídeos disponibilizados no youtube.

      Separa um tempo e assista este:

      • Bitcoin é ativo de super risco pra tentar ganhar no curto prazo. Mas o que você falou é verdade. Se o FED quiser detonar o Bitcoin é só jogar uma notinha no Wall Street Journal.

        Quanto ao Bastter, eu entendi a filosofia do cara. Em algumas coisas concordo. Não sou louco de ficar fazendo trade. Não tenho know-how pra isso. E nem tempo. Tenho meu trabalho 8h por dia que já me mata. Mas não concordo com alguns pontos de vista dele, e com a grosseria também, diga-se de passagem.

        Ele pende para a renda variável. Vende-a como a galinha dos ovos de ouro. O problema é que aqui é Pindorama, não é Suíça ou Japão. Qualquer gráfico de longo prazo aqui no Brasil faz a renda variável perder pro CDI. Brasil é o país da renda fixa. Pode mudar? Só se for daqui pra frente, com reformas liberais.

        Ele usa na exposição um gráfico enviesado de retorno do mercado de ações dos EUA que dá até vergonha alheia. Aquilo lá parece relatório da Empiricus. Retorno pra um dólar aplicado no ano de 1801 rendeu 700 vezes mais que o tesouro americano. Faltou falar do crash de 1929 que jogou o país e o resto do mundo na lama. Do crash do petróleo. Do crash das ponto-com. Do crash de 2008.

        Eu também assinei o Bastter por um ano, mas achei o produto sobrevalorizado. As discussões são pobres. Coisa rasa. Petulância pra todo lado. Enfim… Saiba que você escreve melhor. Tem vários outros blogs melhores também. Quero ver quando vier um novo mega-crash pra quebrar a cara de quem só investe em renda variável. Eu, particularmente pretendo começar pequeno e sempre ter um capital protegido em fundo cambial. Ou um fundo hedge.

        Dê uma lida aqui nesse blog – http://www.financasinteligentes.com/ – o cara também é bom; abs!

  3. Pingback: Bitcoin: Investir ou não? |

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