Trocando de fundo DI (Impactos): O susto

Conforme exposto em outros artigos, para evitar perdas financeiras significativas, o investidor não deve ficar pulando de galho em galho, na procura rendimentos superiores, pois mensurar os custos e o benefício da troca não é simples. O giro de patrimônio sempre resultará em perdas. Mas, em determinadas situações (merece cautela), pode ser interessante e compartilharei a experiência que tive nesta semana.

Leiam até o fim. Vale à pena.

Expliquei um pouco de minha trajetória, como investidor (até então), quando escrevi o artigo a estratégia. Nele, comentei como comecei (poupança), para depois investir em um fundo DI (mantenho há mais de 10 anos) – onde obtive excelentes resultados. Já a experiência com renda variável é mais “recente” e vem apresentando excelentes resultados também. No decorrer do ano, fiquei estudando a possibilidade de trocar de fundo (no mesmo Banco, com características semelhantes), mas acabei adiando por receio.

Minha intenção era migrar para outro fundo DI com taxa de administração inferior (metade da atual) e rentabilidade superior. De uma maneira geral, o meu objetivo foi melhorar a performance, de longo prazo, deste tipo de aplicação. O meu objetivo não foi buscar uma taxa melhor para um período específico. Como entrei em férias, no início deste mês, resolvi rever minha aplicação.

Entrei em contato com minha gerente para certificar quais seriam os custos envolvidos com o resgate. Eu queria certificar que a perda máxima já estava estimada no extrato do fundo. No meu caso, o custo indicado era pouco significativo. Aliás, a tão temida cobrança do Come-Cotas é uma antecipação do imposto. Então, considerei a perda pequena e perfeitamente aceitável. Mas, antes de pedir o resgate, recorri ao site para consultar as regras previstas para o fundo. Neste momento, descobri um risco que a gerente não me contou…. (risos). No resgate total, o Banco disponibiliza apenas 97% do total líquido (sobre o valor depois da cobrança do IR). Portanto, a perda final é muito maior que a prevista inicialmente.

Quase fiz um péssimo negócio. Mas, no final compensou… confiram! 😉

Avaliei os prós e contras, estimando que, apesar da perda imediata e significativa, o novo fundo permitiria um ganho superior “após o quinto ano”. Nem questionei mais a gerente de minha conta. Logo, optei pelo resgate total, “torcendo” para que a regra dos 97% fosse apenas um critério do passado, não corrigido no site (já que no extrato não aparecia). Foi uma atitude absurda. De qualquer forma, fiz o resgate tendo consciência desta possibilidade e foi o que aconteceu (risos).

Resultado: conferi apenas 97% do total líquido e, logo em seguida, reapliquei no novo fundo.

Depois disto, no mesmo dia, mostrei meu grande feito para meu pai e ouvi algo como: “nossa, eu não teria aceitado uma perda desta“. De imediato, ele rebateu afirmando que eu levaria aproximadamente 5 anos para compensar. Refiz as contas e tentei mostrar que a performance do fundo seria superior após o quinto ano. Por esta razão, não me importei muito. Infelizmente, não é tão simples assim. Não demorou muito e fiquei um pouco desconfortável porque meu pai raramente erra na avaliação. Eu havia aceitado uma perda significativa em um momento de taxa de juros extremamente elevada e que dificilmente será mantida pelos próximos 5 anos. Para evitar tudo isto, eu poderia ter feito um resgate parcial, no valor mínimo necessário para a nova aplicação.

Fiquei com receio de ter feito um péssimo negócio.

No dia seguinte, acessei minha conta para verificar o resultado da arte que fiz. Para minha surpresa, como o dinheiro foi reinvestido, o Banco devolveu a diferença, entregando 100% do total líquido. Fiquei muito mais tranquilo e reinvesti logo em seguida. Confesso que aquilo estava me deixando incomodado.

Conclusão, só não fiz um péssimo negócio porque não tirei o dinheiro do Banco.

Apesar do susto, fiquei contente com o resultado final. No meu caso, o benefício ficou realmente claro (foi vantajoso).

Vale lembrar que, estou fazendo novos aportes, em renda variável, diretamente pela corretora, comprando FIIs e ações. Ainda assim, não pretendo desfazer minha posição no Banco, pois conto com um excelente investimento e inúmeros benefícios (pelo montante investido e perfil de investidor): “sou isento de várias taxas de serviço e posso fazer até 6 TEDs (por mês) sem custo algum, por exemplo”.

Portanto, muito cuidado com recomendações de algumas casas de análise. Por mais que a proposta pareça interessante, é muito complicado mensurar o impacto de uma troca mais radical – alguma perda ocorrerá sempre. No menor vacilo, a perda pode ser gigantesca.

2 thoughts on “Trocando de fundo DI (Impactos): O susto

  1. Pingback: Resultado do mês de Novembro (2016) |

  2. Pingback: Resultado do mês de Dezembro (2016) |

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *