A escolha

INVESCOLHADe imediato já adianto que o objetivo aqui não é afirmar, diretamente, onde cada um deve aplicar seu dinheiro (nem poderia), mas sim entender quais critérios são utilizados na escolha da “melhor aplicação” (até isto é relativo). Em suma, a escolha é pessoal.

Comece montando uma “carteira de investimentos” (grupo de ativos) mais segura possível. Para isto, inicie com investimentos de “baixo risco”.

As opções mais comuns são: “Poupança”, “Tesouro Direto (TD)”, “Certificados de Depósito Bancário (CDB)”, “Letras de Crédito Imobiliário (LCI)”, “Letras de Crédito do Agronegócio (LCA)” ou “fundos DI”.

Escolha ativos com rentabilidade superior a inflação, levando em consideração o aporte inicial, a taxa de administração, taxa de custódia, incidência de impostos e o rendimento mensal ou anual (preferencialmente).

O aporte inicial é o valor, em dinheiro, que o administrador impõe para a “entrada no investimento”. Em fundos de investimentos, por exemplo, este valor tende a ser proporcional ao repasse da rentabilidade do fundo – quanto maior, “melhor”. Pode ser um grande limitador para a “entrada”, mas as reaplicações normalmente são bem inferiores (algumas não tem valor mínimo). Há inúmeras alternativas. É preciso consultar sua corretora ou agência bancária. O investimento no Tesouro Selic, por exemplo, pode ser feito a partir de R$ 30,00.

A taxa de administração é o valor pago pelos serviços prestados pela instituição financeira. No geral, os bancos costumam cobrar taxas mais altas que as corretoras de valores. Há investimentos que são isentos de Imposto de Renda (Poupança, LCI ou LCA) e outros onde o imposto é recolhido dentro de um período específico e/ou no resgate da aplicação (fundos DI). Escolha investimentos com as menores taxas e maior rentabilidade possível.

A escolha também depende do período de vigência (vencimento do contrato) e da liquidez. Ou seja, a partir de quando é possível resgatar e a disponibilidade do dinheiro assim que solicitado. De uma forma geral, é interessante optar por investimentos de grande “liquidez”. Assim, teremos maior facilidade de movimentar o dinheiro (compra ou venda) quando desejado. Este é um aspecto fundamental para quem acredita que precisa do montante investido disponível a qualquer momento.

Cabe a cada investidor fazer esta avaliação. Transferir a responsabilidade ao gerente do banco pode significar a aquisição de um investimento bastante lucrativo “para o banco”. E não quer dizer que seja o ideal ou mais lucrativo para você. O mesmo se aplica as corretoras de valores. Parece tolice, mas muitos se frustram com isto. Se precisar de auxílio, considere a possibilidade de contratar uma consultoria especializada. Mas cuidado, você será apresentado a uma centena de planos que, nem sempre, vale a pena.

Para uma melhor compreensão, farei uma separação de artigos por classe de investimento. Assim, veremos mais detalhes separando por renda fixa, fundos de investimentos e renda variável. A título de curiosidade, minha preferência tem sido “fundos DI”, “fundos de investimentos imobiliários” e “ações”. Mas, a escolha é pessoal. Cada um é o único responsável pelas escolhas que fizer.

Vale lembrar que, para o investidor amador, é importante manter seus investimentos mais simples possível. Fuja de recomendações envolvendo “estratégias avançadas”. Depois de escolhido o investimento, siga o “propósito original” até o fim. Mesmo na renda fixa, movimentos errados levam a perda de dinheiro com facilidade. Neste momento de incertezas, há analistas ensinando como aumentar o rendimento do TD, aproveitando a flutuação da taxa de juros (fazendo trade). Aí fica a pergunta: qual o sentido disto, se você optou por um investimento de renda fixa? Não invente.

À medida que nosso patrimônio, conhecimento e experiência crescer, ganhamos mais segurança e flexibilidade para novos investimentos. Ou seja, chega um momento em que “podemos” rever e ajustar o nosso perfil de investidor. É possível melhorar a rentabilidade ou a evolução patrimonial, aceitando riscos “moderados”. A partir deste momento é possível estabelecer uma estratégia de “distribuição” de novos aportes entre diferentes investimentos, mantendo a distribuição equilibrada e com controle de risco – sem comprometer os investimentos anteriores, pois não é uma troca.

Antes de investir na Bolsa de Valores, colha o máximo de informação que puder. Para ajudar neste processo, compartilharei bastante informação interessante e com diversas referências para consulta. Não entrarei em mais detalhes porque o assunto é muito extenso e fugiria o propósito “deste artigo”.

Não farei recomendações diretas de investimento, mas cabe aqui algumas observações…

1. Evite aplicações em “Títulos de Capitalização (TC)”

O TC é um título de crédito comercializado por empresas de capitalização, tendo como objetivo a formação de aplicação e o sorteio de prêmios. É um pouco estranho, mas sua maior vantagem está justamente na premiação. Normalmente, os funcionários dos “bancos” costumam insistir com este tipo de aplicação porque recebem bonificação a cada contrato vendido. Normal.

Não estou afirmando que não se deva aplicar, mas sim “evitar”. Na visão de vários especialistas, este tipo de aplicação deveria ser classificada como “jogo” (similar a loteria) e não como investimento financeiro. Concordo em parte.

Vejam alguns pontos que costumam ser questionados (adianto que há certo exagero):
http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/7-razoes-para-nao-comprar-um-titulo-de-capitalizacao

Não concordo com tudo que foi colocado. Ao contrário do que foi dito no artigo da Exame, por ser um sorteio fechado, é óbvio que as chances no TC são maiores do que na loteria (não é a mesma coisa).

Como o custo do TC é pequeno, tem resgate no final do período e a premiação é bastante atrativa, acredito que vale a pena arriscar “de vez em quando” – desde que você tenha consciência do que isto significa e que não é comparável a outros investimentos (o rendimento perde até para poupança).

Não invista no TC se estiver na fase inicial de formação de patrimônio.


2. Há uma grande divergência de opiniões em relação aos planos de “Previdência Privada”

Não há como negar que é considerado hoje um investimento muito seguro, tendo como principal objetivo fornecer uma renda maior durante a aposentadoria. Muitos investidores torcem o nariz só de ouvir falar em previdência privada como forma de investimento, principalmente em função das taxas de cobrança praticadas (de administração e carregamento).

Calma, não misturem as coisas.

Assim como em qualquer investimento, entendo que a escolha depende do objetivo, da renda principal ou da finalidade de cada investidor. Em alguns casos é possível obter bons rendimentos e as taxas de cobrança caem com o passar do tempo. Vejo como uma boa alternativa para quem deseja uma renda complementar na aposentadoria, fazendo uma programação de longo prazo.

É evidente que não é uma boa opção para quem precisa de liquidez no curto prazo.

Pouca gente comenta, mas você sabe que o valor aplicado em Previdência Privada é impenhorável? Já existe decisão no STF reforçando. No caso de partilha, no divórcio, a justiça tende a interferir se entender que o dinheiro foi “movido” como tentativa de “esconder” recursos às pressas. Ou seja, oferece um nível de segurança adicional, pois visa a sobrevivência do titular na aposentadoria.

Faça uma simulação antes para ter uma ideia das possibilidades (utilizei o BB como exemplo)
http://www.brasilprev.com.br/realizeseusprojetosdevida_bp_html/Simulacao.aspx

Feito isto, você terá um parâmetro de comparação para discutir com o gerente do banco, pois os contratos são pessoais – é possível melhorar as condições. A partir daí você terá parâmetros para julgar se é do seu interesse ou não. Entenda que é um investimento que requer uma avaliação mais criteriosa antes de tirar conclusões.

Tem sido constante a publicação de artigos desaconselhando o investimento em plano de previdência, quando comparado com investimentos comuns. Mas, você não deveria ver de uma forma tão simplista assim. Um pai de família, por exemplo, poderia programar um plano de previdência para seu filho (desde cedo) “visando uma renda adicional na aposentadoria”. Quanto antes melhor, e assim os depósitos mensais serão menores – fora os benefícios da aplicação no longo prazo. E a programação também pode prever uma remuneração vitalícia, por exemplo. Neste caso, não existe a intenção de resgatar o valor total de uma vez e não faz o menor sentido comparar com TD ou outros investimentos comuns (são finalidades distintas). Só não é vantajoso se comparado a aplicações de curto e médio prazo. Portanto, não vejo sentido em tais comparações.

O exemplo acima descreve um pouco o que meu pai fez por mim. Desta forma já conto com este benefício, e me concentro em outros investimentos. É uma estratégia que me agrada muito.

Vejam alguns pontos positivos:
http://www.infomoney.com.br/solucoes-financeiras/pgbl
http://www.infomoney.com.br/minhas-financas/noticia/506485/taxa-carregamento-que-eacute-para-que-serve

Para quem já conta com o plano tradicional (antigo), o melhor é não mexer nesta aplicação, pois o rendimento mensal é baseado no IGMP com acréscimo de 6% ao ano (ótimo rendimento). Vi questionamentos sobre migração para o Tesouro Direto. Pessoalmente, não vejo vantagem – até pelo custo da operação. E não sei se este plano continua disponível para novos contratos.


3. Procure diversificar seus investimentos (se possível, em mais de um banco)

Encare a diversificação como um mecanismo de segurança. Nenhum investimento é 100% seguro. Muita coisa pode acontecer: “o rendimento pode cair por vários fatores, bancos ou empresas podem quebrar e o Governo pode interferir ou congelar uma aplicação qualquer”. Há uma infinidade de possibilidades. Sendo assim, quem investe tudo em um só lugar (famoso all-in), joga com a sorte.

É um reforço para a sua segurança. Investir vale a pena e existem opções muito seguras.

Em minha opinião, o ideal é que seja feito de forma moderada na renda fixa (para não refletir negativamente sobre o rendimento), mas é fundamental na renda variável (para diluir a volatilidade no curto prazo).

Investimentos em renda fixa, em sua maioria, contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante valores de até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira. Isto, por si só, já torna a diversificação interessante a cada R$ 250 mil.

Há quem acredite que a diversificação é uma característica de quem não sabe o que está fazendo. Ninguém é dono da verdade, mas o que vejo é justamente o inverso. Os riscos existem e variam de acordo com o tipo de investimento. Quem sabe o que está fazendo, diversifica.

É um procedimento praticamente obrigatório para investimentos em renda variável.

Imagine investir “todo o capital disponível” em ações da Petrobras (seria um grande erro). Neste caso, existe risco do investidor ficar cardíaco e com distúrbios emocionais com o passar do tempo (risos). Há momentos em que presenciamos flutuações mais fortes e bruscas (como agora). Sem a diversificação, seu controle emocional será testado constantemente porque o montante investido oscilará rápida e bruscamente – alternando entre “grandes lucros” e “grandes perdas”. Neste cenário, perde-se o controle com facilidade. É comum que o investidor fique desesperado, vendendo tudo no fundo (depois de uma forte “queda”) e realizando o prejuízo. E, mais tarde, volta a ser testado quando presencia uma forte movimentação de “alta”. Parece óbvio, mas é o que leva a grandes perdas na bolsa de valores.

– Vale a pena rever: A importância de investir, segundo a BM&FBOVESPA