Débito ou crédito?

Eu não pretendia escrever sobre este assunto novamente (porque já tratei algumas vezes), mas farei uma última abordagem.

Começaremos fazendo uma reflexão sobre o processo de evolução financeira (ou de patrimônio) e os benefícios que cada indivíduo pode conquistar ao longo do tempo. Conforme já foi exposto, em alguns artigos, vivemos em uma sociedade extremamente consumista e facilmente iludida. Não me interpretem mal, estou sendo realista e meu objetivo é mostrar maneiras mais efetivas e concretas de enriquecimento, mesmo que seu “objetivo” não seja se tornar um milionário. Quem não quer uma vida mais tranquila? Acredito que o mínimo de conforto e tranquilidade seja um sonho do todo trabalhador.

E o que isto tem a ver com crédito ou débito? Muita coisa. Tem influência direta na forma como cada um de nós consome no dia a dia e, por tabela, no resultado da evolução financeira. Muita gente custa a aceitar, mas o sucesso, para quem visa o enriquecimento financeiro, depende mais do controle dos gastos do que do salário. E quais são as maiores vantagens de fazer compras no cartão de crédito? É a facilidade de aquirir bens hoje se programando para pagar no mês seguinte e acumular pontos. E se achar muito pesado para pagar em uma única parcela, basta dividir. Isto sem falar nos descontos oferecidos em algumas negociações, que são realmente tentadores. É algo que induz acreditar que o uso constante do cartão seja extremamente vantajoso e coloca a maioria das pessoas em um círculo vicioso de consumo. Por esta razão, é muito (mas MUITO) difícil manter o controle sobre os gastos. A vantagem existe (claro), mas é momentânea e impõe uma grande barreira na evolução financeira. O controle que a maioria das pessoas acredita ter, sobre o cartão, tende a ser mínimo ou nenhum. Não conheço muitas com habilidade suficiente para tirar um proveito real e significativo. Posso contar nos dedos. Se você for um destes poucos, considere-se uma “barata branca” (risos).

Não acredita nisto? Então, avalie quais questões definem a sua realidade:
1. Conto com uma reserva financeira que corresponde a, pelo menos, 6 meses de salário;
2. Consigo separar de 10 a 20% do salário mensalmente para investir (renda fixa, por exemplo); e
3. Minha capacidade de adquirir bens de consumo independe do uso do cartão de crédito.

É bastante simples, são poucas questões mesmo. Caso você não se encaixe em qualquer uma delas, é melhor rever seus conceitos o quantos antes, pois seu controle financeiro é menor do que imagina. O que está em jogo não é apenas o uso do cartão. Para ter uma ideia melhor, procure acompanhar e comparar a evolução financeira pela declaração anual de Imposto de Renda. Já a terceira questão diferencia perfeitamente quem pode ter de quem ostenta sem poder (o cartão de crédito “permite”). O que pretendo aqui é mostrar que as pessoas são induzidas a alimentar o sistema. Se você trabalha focado, na maior parte do tempo, em pagar contas, algo está errado. Mas, é possível mudar.

Isto faz parte da educação financeira. Não sou contra o sistema capitalista (já me disseram até isto – risos); muito pelo contrário, estou estimulando o consumo inteligente de forma que proporcione um poder aquisitivo cada vez maior. É melhor aceitar pequenas privações, no início, para usufruir com maior qualidade e tranquilidade no futuro. Quanto antes aceitar isto, melhor. Dependendo do seu planejamento, depois de alguns anos, o rendimento de suas aplicações deixará os benefícios do cartão comendo poeira, sem depender de gastos constantes. Chega a ser ridículo fazer comparações. Não pretendo iludir ninguém, é claro que não acontece da noite para o dia. Mas, vale à pena.

Não é apenas uma questão de ser contra ou a favor do cartão crédito. Não é isto que questiono.

Vou dar um exemplo prático de algo que aconteceu recentemente. Nesta semana fui MUITO questionado por ter feito uma compra no cartão de crédito de um colega de trabalho. Na verdade eu estava analisando uma oferta interessante de um celular (sim, procuro por descontos também) e este meu amigo – que estava por perto – me ofereceu um desconto ainda maior emprestando o seu cartão (era da loja). Agradeci, apesar de comentar o que penso sobre isto. Obviamente, eu teria que transferir o dinheiro para conta dele logo de imediato. A minha conduta de pagamento à vista se mantém. Nada mudou. Minha posição continua coerente. Então, porque eu não aceitaria? O meio utilizado, neste caso, não é problema meu e não me interessa. Cada um é livre e responsável pelas escolhas que faz.

Mas, a grande questão não é esta (a forma como comprei). Eu teria adquirido com ou sem o desconto adicional (o preço já estava dentro dos meus critérios). Este tipo de planejamento é muito mais simples e permite colher mais frutos no longo prazo (ou médio mesmo). A despesa que tive foi definida e encerrada no momento da compra. Nenhuma pendência foi criada. É por isto que conto com uma visão mais clara dos recursos que tenho disponível para os meses seguintes. Desta forma, não é preciso fazer malabarismos para controlar inúmeras cobranças que estariam por vir. E o preço que pago por isto é uma aquisição um pouco mais lenta. Por outro lado, por estar lidando com um cenário mais simples, tenho uma facilidade de programação muito maior. É algo importantíssimo para quem busca o sucesso como investidor.

Se você tem habilidades suficientes para lidar com tudo isto tranquilamente, sorte a sua. A maioria das pessoas não tem. O conselho que deixo é: não dependa do cartão de crédito, priorize compras à vista.

Não se iluda em acreditar que dá no mesmo optar entre débito ou crédito.
https://www.financaspraticas.com.br/pessoais/bancarios/debito/3.php

É apenas a minha opinião e tem funcionado muito bem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *